OLHAR GEOGRÁFICO SOBRE A OCUPAÇÃO TERRITORIAL DO BRASIL – Prof. Ariosto Matins

                  O Brasil iniciou seu processo de ocupação a partir do litoral durante o período colonial. As plantações de cana de açúcar iniciam as atividades econômicas, o que acabou favorecendo a concentração populacional na faixa litorânea. Com o desenvolvimento do país a economia começou a se deslocar para o interior e a população foi junto através das migrantes. Normalmente as correntes migratórias são masculinas em busca das melhores oportunidades de trabalho para posteriormente constituir família ou traze-la. A partir dos anos 1970, constituiu-se do ponto de vista do planejamento institucional do Estado brasileiro, a fronteira pioneira agropecuária como forma de atrair migrantes planejadas com o intuito de ocupar o vazio populacional do interior. Os deslocamentos são realizados principalmente por migrantes sulistas. As atividades eram pautadas por uma determinada ordem. Basicamente a partir da derrubada de mata seguida por pecuária e lavouras. O contato desses grupos de desbravadores com a mata nativa, forma o arco de desmatamento.  

                  Podemos destacar, como fatores de repulsão populacional, a estagnação econômica das áreas de repulsão, a concentração fundiária, que gera conflitos nestas áreas, as catástrofes naturais, como as secas periódicas e as geadas, a ausência de serviços educacionais de boa qualidade. A ampliação das relações capitalistas no campo, que desestrutura as antigas relações tradicionais de trabalho (a parceria, o arrendamento etc.), a mecanização da agricultura, a substituição da lavoura por pastos e a grande especulação imobiliária são também as causas da fuga da população do campo para a cidade.

                Já os fatores de atração populacional dizem respeito à oferta de emprego gerada por algumas atividades na construção civil e na indústria presente nos grandes centros urbanos; à oferta de serviços, mesmo que temporários, na construção de rodovias, ferrovias, usinas hidrelétricas, tanto no campo como na cidade. No que se refere à região Norte do Brasil, destaca-se o fluxo de pessoas atraídas pelo garimpo, pela extração de madeiras e borracha e pelas indústrias de mineração. Nessa região, nas últimas décadas do século XX, assiste-se à ampliação da fronteira agrícola ao sul de seus limites territoriais, o que tem atraído grandes empresas agrícolas de outras regiões. Os atrativos das cidades, veiculados pela mídia sobre uma população que cada vez mais perde suas raízes com a terra, também contribuem para o êxodo rural. Ao mesmo tempo em que o campo expulsa, a cidade atrai.

               Podemos considerar, como consequências positivas ocasionadas pelo deslocamento das pessoas, a oportunidade de trocar suas experiências favorecendo assim o enriquecimento cultural por meio da troca de valores através dos contatos, a possibilidade de sucesso na vida profissional favorecido pela oportunidade de estudos nos diversos níveis de ensino (fundamental, médio e superior) e melhores condições de moradia em função da acessibilidade aos serviços como água, energia e saneamento básico.

                São várias as consequências negativas ocasionadas pelo deslocamento das pessoas de seu lugar de origem para outro. Quanto ao Nordeste brasileiro, podemos citar a perda da identidade do indivíduo causada pela ruptura com seu lugar de origem, ou seja, o distanciamento físico nas relações familiares e de amizades, assim como pelo abandono das imagens dos lugares que marcam o cotidiano das pessoas: bairros, ruas, povoados etc. Outra consequência diz respeito à condição de forasteiro, de estranho, e à necessidade de integração com o novo espaço físico e social. A população nordestina, em alguns casos, sofre preconceito regional. Mais uma consequência é a discriminação decorrente dos modos de falar e de vestir, do gosto musical etc. As condições de moradia dessa população que migra para as grandes cidades são precárias, pois poucos são os que conseguem moradia digna. Muitos moram nas periferias dos grandes centros urbanos, onde faltam serviços básicos, como assistência à saúde, coleta de lixo, esgotamento sanitário, pavimentação das ruas, entre outros.

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